Droga de guarda compartilhada ¬¬

Eu já sabia que esse dia iria chegar, sabia que um dia o puto do Marcos Paulo iria querer passar uns dias com a Luna e eu achei que estava preparada pra isso. ACHEI...
O que aconteceu foi que domingo, enquanto eu tirava a roupa da Luna pra dar banho, o bendito me liga perguntando se podia dar uma volta com a Luna. Em um estado normal, eu sorriria e acharia lindo ele querer passar um tempo com ela. Mas aconteceu bem o contrário. Eu comecei a suar frio, me tremer, meu coração acelerou e eu fiquei super nervosa. Soltei um: "Sozinha?" e ele confirmou. Fiquei louca, senti meu cérebro pipocar dentro da minha cabeça, comecei a gaguejar, minha boca tremia. Gritei com ele, dizendo que não, que isso era inadmissível, que ele jamais tiraria minha filha de mim etc etc etc.
Ele pediu pra dar uma volta e eu já me imaginei a vida longe da Luna. Senti o sangue subir pra minha cabeça, fiquei tonta e desliguei na cara dele. Tentei carregar a Luna e deixá-la junto a mim, como se isso impedisse dela ir embora. Marcos ligou pela segunda vez, mas meu pai (que assistiu todo o meu showzinho de drama) pegou o celular e foi conversar com ele, que ele só teria direitos de pai, quando cumprisse também as obrigações de pai. Fui ficando calma por fora, pra não parece louca. Eles terminaram a conversa, peguei meu celular e desliguei pra evitar futuras novas ligações. Eu não estava pronta pra dividir a Luna assim tão cedo.
Deitei ela na cama, meus pais sairam do quarto e ficamos eu, ela e minha irmã que não deu muita atenção ao que estava acontecendo. Fiquei observando minha filha, tão pequena, tão frágil brincar com os próprios dedos, olhar ao redor e se sentir atraída pela luz e pela cores brilhantes das flores agarradas na janela do quarto. Tão inocente, mal imaginava minha dor. Comecei a chorar.
A princípio foram só pequenas lágrimas e eu tentava não fazer barulho pra minha irmã não notar. Tudo em vão. Um aperto tomou conta de mim, foi uma sensação terrível. Até hoje nunca passei mais que 30 minutos longe dela. Eu não queria ter que de repente ter que me afastar dela. Nem que fosse por um dia.
Depois disso, minha mãe começou a fala "bebenês" com a Luna, dizendo coisas sobre ela precisar da presença do pai etc. Gostaria de gritar pra ela calar a boca e dizer que ela não precisa de ninguém além de mim. Não o fiz. Minha mãe estava certa. Cedo ou tarde, minha Luna vai embora e eu só vou poder ficar olhando do portão. Ve-la se afastar, ficar cada vez mais longe no colo do pai. Choro e me desespero só de imaginar. O que mais me faz mal, é imaginar ele saindo com ela e a cadela que ele chama de namorada passeando por aí bancando a família feliz. A família que eu queria pra mim! Machuca.
Mas tudo bem, um dia eu supero.